"Respire alguns segundos, expire deixando a alma vazar.
‘Respire, e expire’, falou ele.
Agora, se olhe no espelho, e com sua alma apática ao seu olhar, deixe-se interrogar, e me perguntava: ‘- você, de fato, o ama? ou você, não ama a si mesmo?’.
Contou-me, sem medo; você sempre esteve ausente na sua própria ausência de vida, apenas esperando o momento de poder se encontrar vivendo aquele grande amor.
Você sequer percebeu, ninguém irá lhe amar, se você morto aparentar, se não tiver uma vida pra lembrar, momentos incríveis pra narrar. E que o incrível seja simples, e que momentos sejam inenarráveis, no fundo não importa. Mas você tem esquecido até de respirar. Respire, e expire.
E uma voz, que nunca me pareceu tão estranha, me interrogou: ‘- você, de fato, o ama?’.
E aquele menino, sem vida, do espelho, respondeu me olhando: ‘- não, senhor.’
Não, senhor.
- Pablo Rodríguez"