27.10.07

“Ali estava eu, segurando-o em meus braços, o tratando como menina. Era muito calamitoso saber que eu estava consciente e mesmo assim seguia com meus tortuosos passos. Beijava-o, e abraçava-o, nunca quis parecer mais maduro que ele, porem, acabava sendo. Apesar de inúmeras vezes constatar que aprendo e me surpreendo com suas atitudes mais desprovidas de inocência. ‘você não quer fazer amor comigo hoje, Fausto?’, me dizia sua voz fina e em transição. ‘apenas se você quiser, meu amor’, tentava lhe responder, ainda que insinuando em sim com meus gestos. Subiu sobre mim com suas delicadas pernas, e beijava-me o pescoço, com toda a experiência que adquiriu de infância. Era ele, com doze anos, me ensinando a ter novamente prazer, aos sessenta e cinco.

Trecho do livro ‘O doce da Alma’ de Pablo Rodríguez”