29.10.07

“Acendeu a luz e foi embora. Era o momento deles olharem-se nos olhos, acenderem um cigarro, e ficarem fitando o teto, por horas, imaginando que amanhã as coisas poderiam ser melhores, para ambos. Mas ele apenas acendeu a luz, e se foi. Talvez não se importasse tanto quanto ela com o amanhã, ou mesmo, não se importasse com ela, na realidade. Acendeu o cigarro sozinha, enquanto sua primeira lagrima escorria, o viu sair pela janela do prédio, sua quinta lagrima escorreu. Ele não a amava, de fato, concluía, ele não amava nem a si mesmo, concordou consigo em pensamentos. Ele nunca falou de futuro, apenas sobre planos pessoais, ele nunca esteve lá, somente para cumprir obrigações, e ela nunca se importou. Agora que esta chegando ao fim, sim, ela se importa. Já se trata de um costume para ela descobrir que estava apaixonada apenas quando tudo chega ao fim. Mas o que ela poderia fazer se ele não a quer? Reclamar para seu marido? Não, ela teria de arrumar outro, logo, em breve, para tentar esquecer esse, que ela já começava a chamar de “só mais um”.

- Pablo Rodríguez”